A peça é a revista impossível da Gigi. A mulher que volta 100 anos para enfrentar o que vier. Ao sobreviver a um incêndio, ela vai fazer o que for preciso para se manter de pé. Se antes era outra, era apenas uma mulher, ao levantar dos escombros ela desenterra as loucas, as bruxas, deusas, monstras, filhas dos tempos... uma vedete que hiperperforma para permanecer viva. Furando os enquadros, ela se põe em revista e é (des)vista. Uma mulher como qualquer outra: estrela que não cabe em uma mala.
Me chame Gigi, Luz, Virgínia, Carmem, mulher, vedete...
Persiga os ecos que reclamam nesses corpos à flor da pele
Mas, por favor, não desencante quando eu só puder ser
Gisele.
Mulheres que emergem dos escombros todos os dias, numa agonia entre a ameaça da queda e a urgência do levantar. “[...] eu estou cansada de ter que consertar, de ter que precisar.” É o que nos revela Gigi, uma das muitas mulheres reais de A Vagabunda - Revista de uma mulher só, logo no início da peça. Aliás, início meio, fim, tempo cronológico e tempo sensível são elementos que se confundem o tempo inteiro durante os noventa minutos da narrativa que se identifica como um solo musical performativo.
Esse é o mais recente espetáculo do Xama Teatro, um grupo predominantemente formado e coordenado por mulheres com sede na região metropolitana da grande ilha de São Luís, no Maranhão. Apresentando uma escrita conjugada de três artistas-pesquisadoras-dramaturgas com a colaboração de um dramaturgista, o texto da peça, contemplado no Prêmio Literatura GRAÇA ARANHA - FAPEMA- GOVERNO DO MARANHÃO, ganha o formato de livro e será lançado no dia 27 de abril, juntamente com a apresentação do espetáculo, no Teatro Athur Azevedo.
O texto faz das referências históricas, e de muitas outras, como o romance A vagabunda, da escritora francesa Colette, as cartas de tarô e o cinema americano dos anos de 1950, e as vidas das próprias vedetes do teatro de revista, um ponto de fuga para refletir sobre questões de gênero na dramaturgia, mas também como comentário arguto sobre o cenário político e social brasileiro.
O espetáculo elege as ruínas de um espaço e sua insistente reconstrução como cenário porque foi erguido durante a pandemia da Covid 19. Contemplando uma extensa ficha técnica que conta com mais de 30 artistas, sendo 71,9% mulheres, o espetáculo A Vagabunda foi indicado em todas as categorias e recebeu o Prêmio Sated-MA 2021 por melhor dramaturgia, atriz e figurino, e contou também com fomento do Prêmio Mulheres de Atitude (2020, Governo do Estado do Maranhão).
FICHA TÉCNICA:
Atriz: Gisele Vasconcelos
Encenação: Nicolle Machado
Dramaturgia: Gisele Vasconcelos, Nicolle Machado e Nádia Ethel
Dramaturgista: Igor Nascimento
Design e Operação de Luz: Renato Guterres
Videomapping: Nayra Albuquerque
Produção: Xama Teatro e Cia. Poli
Figurinos: Cláudio Vasconcelos.
Figurino Múmia: Demodê Ateliê
Figurino Estrela: Rodrigo Raposo
Costureira: Shirley Maklayne
Foto e Colagem Digital: Silvana Mendes
Trilha Sonora Original: Didã
Letra da música Vedete: Lúcia Santos
BANDA EM CENA:
Direção Musical, Teclado e Sanfona: Rui Mário
Sax e Flauta: Sarah Byancci
Violão: Aline Oliveira
Percuteria: Nizze Cavalcante
REGRAS PARA MEIA-ENTRADA
Estudantes (Com Carteira de Identificação Estudantil)
Pessoas com deficiência, inclusive seu acompanhante quando necessário.
Jovens com idade de 15 a 29 anos de baixa renda inscritos no Cadastro Único Para Programas Sociais do Governo Federal (Mediante a apresentação da Identidade Jovem, acompanhada de documento de identificação com foto expedido por órgão público e válido em todo o território nacional)
Idosos e Terceira Idade (Cartão de Aposentado ou RG para maiores de 60 anos)
Professores Rede Pública (Holerite ou Documento que comprove)
Diretores, Coordenadores Pedagógicos, Supervisores e titulares de cargos do quadro de apoio das escolas das redes estadual e municipais, de acordo com a Lei Estadual 15.298/14.
(O direito ao benefício da meia-entrada é assegurado em 40% (quarenta por cento) do total dos ingressos disponíveis para cada evento)